"Eu sempre tive uma afinidade por arquitetura que atribuo ao fato de ter crescido em bairros e cidades que estavam constantemente em construção. Nossa casa foi a primeira da quadra. Acho que de certo modo eu estava mais interessado nas abstrações das fundações e da estrutura inicial que nas estruturas completas em si. As coisas que eu fazia naquela época tinham esta coisa de incompleta. À medida que me tornava mais consciente da arquitetura e seu vasto mundo, o brutalismo assumia como um dos estilos do momento. Ver revistas de arquitetura quando era criança e frequentar resorts de ski franceses de Marcel Breuer e Flaine construídos em concreto mexeu com minha sensibilidade, fui cativado."
Para o artista de Nova York, Calvin Seibert, castelos de areia são mais do que um divertido hobby de verão. Utilizando um balde de tinta, espátulas caseiras de plástico e cerca de 565 litros de água, ele cria espetaculares castelos modernistas. Leia a seguir uma entrevista com Seibert e mais fotos de sua obra.
Mesmo contra o vento, ondas, transeuntes e gaivotas, Seibert começa suas esculturas sem nenhum grande plano:
Uma vez que eu começo a construir e volumes começam a ganhar formas, é que eu consigo ver para onde as coisas estão indo e ora tento seguir este caminho ou tento contradizê-lo com algo inesperado. Na minha cabeça sempre existe uma colaboração de ideias e de influências. Eu vejo um castelo, um vilarejo pesqueiro, uma escultura modernista e um palco para a cerimônia do Oscar todo ao mesmo tempo. Eles se tornam máquinas orgânicas mágicas que podem continuar a crescer e a se expandir. Estou sempre acrescentando um pouquinho aqui e lá, e se o tempo permitisse, eu não pararia.
ArchDaily: Há quanto tempo você tem criado estes castelos de areia?
Calvin Seibert: Comecei quando era garoto em montes de areia das obras próximas à minha casa. Tinha visto Eero Saarinen TWA terminal no aeroporto JFK e estava fazendo todo tipo de curva tridimensional. Isso foi a 50 anos atrás, (hoje tenho 57).
AD: Você possui algum tipo de formação em arquitetura ou design? Como você começou a criar estas esculturas?
CS: Quando eu era criança, eu queria me tornar um arquiteto. Foi só ao longo desta trajetória que eu vim a entender que eu estava mais interessado nas fundações e estruturas das primeiras fases da obra por suas qualidades esculturais e menos interesse em edifícios bem acabados. Frequentei a escola de arte em Nova York, onde tive professores como Alice Aycock, Joel Shapiro, Jackie Winsor e Barry La Va.
AD: Como você desenvolve os teus projetos?
CS: Eu sempre tento fazer algo que não tenha feito antes, apensar de ter vontade de voltar e refinar as ideias com uma segunda versão, eu quase nunca faço isso. Faço esboços ao longo do ano, mas só tenho eles na minha cabeça quando começo a construir. Não existem planos e o processo construtivo pode mudar de direção rapidamente. Isso geralmente é por causa de decisões iniciais de escala.
AD: Como você encontra inspiração para seus projetos?
CS: Eu estou sempre olhando muitas coisas de arte e de arquitetura. De pinturas de George Grosz aos edifícios de Paul Rudolph. Sou um turista da arquitetura, meus dias em uma cidade estrangeira são basicamente em busca de arquitetura. Meus gostos são um pouco particulares, posso passar na frente da Sagrada Familia em Barcelona, olhar pra cima, mas já parto para uma usina de energia brutalista abandonada.
AD: Qual é a parte mais desafiadora em construir um castelo de areia?
CS: Ao final de muitos dias carregando água (algo em torno de 565 litros por castelo) o túnel carpo da minha mão direita começa a me incomodar então eu mudo para a mão esquerda. Em multidões, eu procuro estabelecer contato visual com os pais. A maioria das crianças são bem comportadas, mas existem aquelas que não tem limites. Eu também não confio nas gaivotas.
AD: Como você se sente em relação ao caráter temporário da sua obra?
CS: Não tenho problemas em abandonar os castelos. Em um lugar como Coney Island eles serão destruídos em minutos. Na praia Jones eles geralmente duram um dia ou dois, e posso tirar fotos deles com a luz da manhã.
AD: Você já trabalhou com outras formas de arquitetura, arte ou design?
CS: Nos meses de inverno eu faço esculturas arquitetônicas com papelão, sacolas de compras de papel reaproveitados e cola branca. São pintadas em vários tons de cinza escuro e fazem coisas que não podem ser feitas na areia, como pequenos detalhes e balanços.
Confira mais do trabalho de Seibert na galeria abaixo, ou em sua página no Flickr.